sábado, 10 de setembro de 2011

A maior cratera de impacto da América do Sul?

Uma cratera de impacto pode ser definida como uma formação crateriforme provocada pelo choque de um corpo estelar como um meteorito ou cometa na superfície da Terra.

Poucas crateras de impacto são conhecidas devido à erosão sofrida durante milhares ou milhões de anos.
As maiores crateras de impacto do mundo são:
  • Cratera Vredefort na África do Sul com cerca de 250 a 300 km de diâmetro.
  • Cratera de Chicxulub na península de Yucatã, México com 180 km de diâmetro. Acredita-se que o impacto do meteoro que deu origem à cratera, tenha extinguido os dinossauros a 65 milhões de anos.
  • Cratera de impacto Sudbury no Canadá com 170 km de diâmetro.
  • Cratera de Manicouagan no Canadá com 100 km de diâmetro.
 Passeando no Google Earth por uma área de extinta atividade vulcânica no interior da Bahia, com satélite cerca de 230 km de altitude, pude observar uma tênue formação, localizada a 11 43’ 17.63”S e 39 02’ 59.21”O, bastante simétrica, de aspecto multi-circular e concêntrico contendo no seu interior, outra formação circular menor, mas de maior nitidez. 

(Clique sobre a imagem para ampliar e melhorar a visualização)


Pensei imediatamente ter encontrado uma cratera de impacto muito antiga, bastante erosada pelo tempo.
Essa formação maior media 100 km de diâmetro e a menor 40 km.



Entretanto, restava a dúvida quanto a ser apenas um artefato óptico. Medi então a altitude das bordas ao centro nos quatro quadrantes.
Realmente as bordas ficavam em torno de 400 metros de altitude, a parte interna da borda até o limite do ciclo central, em torno de 350 metros e a parte central de 260 a 300 metros. Isto mostrava a forma côncava e tridimensional desta estrutura e não apenas uma “ilusão” visual.
Observem a altitude medida nas três fotos abaixo da borda para o centro:


Entretanto as bordas da região nordeste, leste e parte do sul, mostravam a mesma altitude da parte anular média ou entre 350 a 400 metros. Apresentavam-se menos nítidas ou “borradas”. Nestas regiões, nota-se uma grande falha geológica e sinais de intensa atividade sísmica passada: terremotos e vulcões. 


Sinais de terremotos principalmente na região de Tucano que mostra uma formação de crosta terrestre retorcida e inclinada com 4 km de espessura! (ver seta vermelha na figura)
Vulcânica porque esta é uma conhecida região de fontes de água mineral e de exploração de minérios.



As imagens a cima, mostram mais nitidamente a grande falha geológica ao norte da proposta cratera. Mede em torno a 230 km de longitude e nóta-se passado de intensa atividade sísmica e vulcânica.

O estudo da topografia lunar mostra sempre um passado de atividades no solo junto a uma cratera de impacto (sísmico-vulcânica) relacionadas ao impacto contra a crosta com derretimento da mesma e formação de vulcões. Coincidentemente, é o que vemos nessa forma crateriforme em Teofilândia. A falha se superpõe à borda da cratera mostrando ser um efeito posterior do impacto.
Resumindo, ai temos uma formação crateriforme, com 100 km de diâmetro, com uma profundidade simétrica de visualização bastante tênue certamente provocada pela erosão de milhões de anos, cujo impacto pode ter causado uma grande falha na crosta terrestre a nordeste, provocando posteriormente fortes abalos sísmicos que influenciaram suas bordas nordeste, leste e parte sul.

Caso algum dia se confirme a origem de impacto desta cratera, teríamos uma das maiores crateras de impacto do mundo e sem nenhuma dúvida, a maior da América do Sul.
Esta formação candidata a cratera de impacto que encontrei, denominei  "Cratera Teofilândia" em homenagem a uma das cidades que a circundam.
O Google Earth tornou-se um excelente “visualizador” da topografia terrestre não somente para profissionais em geologia, astrofísica e arqueologia, como para nós, ainda que amadores, mas eternos curiosos da ciência.

 

David Daniel Peres Garcia